terça-feira, 28 de junho de 2011

Verba indenizatória alimenta suspeita de irregularidades

Apenas em 2011, atividades foram concentradas em 30 empresas que receberam R$ 1,5 milhão sem licitação


Wesley Rodrigues
editora
Entre as empresas que mais embolsaram a verba está a Nathan Editora Gráfica, de Contagem



Empresas de fundo de quintal, recém-criadas e com endereços que remetem a pequenos espaços ou a residências são as escolhidas por um grupo de deputados estaduais para gastar a verba indenizatória. Apenas neste ano, 30 empresas foram responsáveis por embolsar  R$ 1,5 milhão em fornecimento, sem licitação, de consultorias, combustíveis, publicidade e alimentação aos 77 parlamentares, segundo levantamento feito pelo Hoje em Dia.

Chama a atenção a situação em que se encontram muitas das beneficiárias dos recursos públicos. A segunda colocada no ranking das que mais embolsaram a verba, a Nathan Editora Gráfica Ltda., funciona em uma pequena sobreloja, em cima de uma oficina mecânica, no Bairro Água Branca, região popular de Contagem. Ela conseguiu levar, neste ano, R$ 265,5 mil em serviços gráficos, apesar de ter sido criada em maio do ano passado. Em 2011, as notas fiscais apresentadas pelos parlamentares foram emitidas em série. Entre os clientes que mais gastaram em papel pela Nathan estão o ambientalista Hely Tarquíneo (PV), com o montante de R$ 50 mil, o peemedebista Adalclever Lopes, com R$ 48,6 mil, e o tucano Leonardo Moreira, que apresentou despesas no valor de R$ 40 mil.

A Torres Editora Gráfica não fica atrás. Recebeu, apenas neste ano, R$ 96,9 mil de deputados para o serviço gráfico. Somente o democrata Jayro Lessa destinou, em uma única nota fiscal, R$ 30,7 mil à empresa no mês de março, segundo da nova legislatura. A Torres está localizada em um pequeno galpão, nas imediações de uma favela, no Bairro Renascença, na capital.

Muitas empresas são contratadas em prazo recorde, depois de fundadas. A Almeida e Castro Consultoria Associados, localizada em São João del-Rei, por exemplo, foi fundada no dia 1º de abril, porém, 28 dias depois já emitia a primeira nota fiscal ao deputado Rômulo Viegas (PSDB), no valor de R$ 4,8 mil. No mês seguinte a história se repetiu. A agência Conceito MKT Ltda, em São Sebastião do Paraíso, fatura mensalmente do deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) R$ 5 mil. Ela foi aberta em 16 de fevereiro deste ano.

Estreante na Assembleia, o comunista Celinho do Sinttrocell dispôs de cerca de 80% do total de sua verba indenizatória para o pagamento às empresas Lage & Lage e Nativa FM, ambas do empresário Walmir Moreira Lage. As empresas ficam em Coronel Fabriciano, reduto eleitoral de Celinho. Nas eleições de 2010, Walmir figurou como um dos doadores da campanha, com R$ 10 mil. Neste ano, já recebeu do deputado, por meio da verba indenizatória, R$ 34 mil.

Ainda no Vale do Aço, a deputada Rosângela Reis (PV) encontrou uma empresa que não tem endereço para prestar serviços. O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica da Ampliar Comunicação aponta para um local, em Ipatinga, onde há uma residência.


Fonte: Hoje em Dia

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